Breath of the Wild, corpos, representatividade e eu

 

Salve, salve, hylianos de Faron Woods! Como vcs estão? Eu provavelmente estou cansada. Tenho estado cansada todos os dias há meses, já tive umas crises meio fodidas durante esse tempo e já estou no meu limite há eras, mas os boletos têm de ser pagos e é isso o que tem pra hoje.

Ah!, eu também estou mais velha!! Completei mais um ciclo de dia do balão em 27/08, o que significa que eu já vivi mais tempo indo a eventos de anime do que fora deles. Credo

Mas não vim aqui pra reclamar da vida, não. Hoje eu vou falar um pouco da minha experiência jogando The Legend of Zelda: Breath of the Wild da perspectiva da representação feminina e dos corpos expostos durante o jogo.

Um spoiler: o jogo manda muito bem

Em Breath of the Wild você mais uma vez controla o herói Link, que passou os últimos cem anos em um sono de ressureição enquanto a princesa do reino de Hyrule, Zelda, entra em um estado de suspensão mágica para deter Calamity Ganon e evitar a destruição do mundo. Como o jogo é mundo aberto, você pode literalmente fazer o que quiser, inclusive ignorar a história e já ir derrotar o vilão mal pegando equipamentos e roupas.

O jogo tem diversas personagens femininas, dentre figurantes e personagens principais, mas nesse post eu irei me ater a duas delas: a própria Zelda e a chefe da Cidade Gerudo (Gerudo Town), Riju

De certa forma eu nunca me vi representada nos videogames. Sendo sincera, até jogar Borderlands 2, eu mal havia visto mulheres pretas em mídias do tipo, ainda mais mulheres gordas (e idosas, e deficientes... Borderlands dá um show de representatividade, mas isso eu devo trazer em um futuro post ressuscitado, heh), então ver isso em um jogo da Nintendo, que, como bem sabemos, não é a empresa mais preocupada com diversidade do planeta foi meio... Catártico.

Iniciemos pela Riju.

Riju é uma garota gerudo, um povo com inspirações árabes; portanto, ela não é branca: sua pele tem um tom bronzeado, todas as gerudo têm nariz grande, e várias delas, ainda que a roupa típica da cidade seja inspirada nos visuais de odalisca (sim, com a barriga toda de fora), são mulheres gordas. Inclusive Riju.

Ok, chamar a Riju de gorda é um exagero, eu sei. Mas ela não é magra. Eu confesso que eu chorei muito quando vi a Riju e percebi que o corpo dela (dadas as proporções, afinal, a Riju tem 13 anos) era parecido com o meu. Era a minha primeira vez me vendo em uma mídia sem que isso fosse parte central da construção do personagem. Riju é uma governante um pouco insegura, que subiu ao trono cedo demais e tem de lidar com suas responsabilidades ainda que o que ela mais queira seja brincar com suas focas da areia. E ela não é magra. E ninguém comenta nada sobre isso. Porque na real nem importa.

Foi muito forte, de verdade, mesmo que pareça idiota pra caralho, hahahaha.

E aí temos Zelda, a princesa de Hyrule e, mesmo que aparecendo pouco, uma das personagens principais do jogo (e minha favorita junto da Urbosa <3)

A personagem em si já fez com que eu me identificasse com ela por vários motivos: ela é uma pessoa curiosa, movida pela ciência, que adora fazer experiências e se sente viva quando pesquisa. Entretanto, todas as pressões constantes que ela sofre devido ao seu destino fizeram com que ela desenvolvesse “traços de personalidade” que podem ser analisados como ansiedade, depressão, dentre outras condições psicológicas. Mas o fato mais importante é que: Zelda também não é magra.

Na roupa mais tradicional que ela usa (essa do gif!) não dá pra perceber porque ela usa um espartilho, mas em sua roupa de ritual, é perceptível de que ela tem um corpo mais... curvilíneo. Sem comentar que ela tem umas coxas bem generosas e um busto um pouco maior do que o padrão das mulheres apresentadas no jogo (além de dar pra perceber uma barriguinha nesse vestido também!). 

Eu me senti tão abraçada que era difícil acreditar. Um jogo japonês, de uma sociedade conhecidamente gordofóbica tinha mais gente gorda e ~mid-sized~ do que basicamente todos os jogos que se vendem com o mote de inclusão aqui no Ocidente (que também é gordofóbico pra caramba, hahaha; ai, ai). 

É notório que Breath of the Wild se tornou muito rápido um dos meus comfort games, não só pela história, ou pela jogabilidade, mas pelas interações que temos com NPCs, cenários e tudo que tornam esse jogo incrível. Me ver representada de maneira tão assertiva pela primeira vez na vida num ambiente como esse só aumentou o meu amor pelo jogo.

Tem alguns outros detalhes muito legais, como o fato de que quando Link usa roupas femininas, ninguém questiona seu gênero para entrar na Cidade Gerudo (onde são permitidas somente mulheres), o que nos dá a entender que pelo menos nesta encarnação de Hyrule mulheres trans são tratadas da forma devida na Cidade Proibida. Também temos alguns pontos negativos que me deixam extremamente incomodada, mas prefiro falar disso em um post exclusivo para gongar os jogos que eu amo, hihi!

E vocês? Já jogaram Breath of the Wild ou conhecem o jogo? Tinham percebido isso sobre as personagens também? Eu adoraria ouvir de vocês o que sentiram ao jogar (ou assistir) a este jogo maravilhoso!

Até o próximo estábulo! o/~

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Artemyss, bibliotecária e cosplayer. Divide o tempo entre reclamar da vida e jogar Borderlands. Fotógrafa, trilíngue, shippeira e fangirl. Blog de opiniões pessoais e cotidiano com assuntos aleatórios. Atualmente está refém das amarras do capitalismo e não consegue mais fazer lives, mas está o dia todo procrastinando no BlueSky 🦋 (+)

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