Sobre conhecer nossos ídolos

Spoiler: é horrível kkkkkk

Eu não sabia se fazia mesmo esse post ou não porque, bem, ele é meio autocentrado. Mas depois de pensar um pouco, percebi que talvez escrever sobre isso acabe me ajudando também (viu? autocentrado), então vamos de mais um post nesse janeiro produtivo.

Se você é do mundinho geek BR, deve ter ficado sabendo das matérias expondo diversos abusos cometidos pelo autor Neil Gaiman e outras coisas relacionadas. Eu, sinceramente, não fui atrás de saber porque o pouco que eu fiquei sabendo via BlueSky já me deixou perturbada o suficiente e não, não precisa me contar porque eu realmente não quero saber os detalhes. Dessa vez, minha função no universo fã foi apenas assistir a reação de amizades e pessoas que admiro e tudo o que posso dizer é que esse tipo de coisa dói pra caralho.

É, amores, been there felt shit too.

Lembrando que esse texto não vai discutir nada profundamente, tá? Sou só eu aqui, falando do fundo do meu coraçãozinho pra quem tá passando por esse choque um pouco de como eu me senti quando passei pelo mesmo. Sem militância aqui também, sujeito a paulada.

Provavelmente você não sabe, mas eu fui? sou? grande fã do mangá Rurouni Kenshin, que saiu aqui no Brasil pela primeira vez como Samurai X. E eu falo que eu era/sou fã porque o mangá ainda é muito especial pra mim e eu simplesmente não consigo me desfazer de nada relacionado ao universo, mas desde que expuseram que o autor tem ~predileção~ por assistir pornografia infantil eu não consigo sequer olhar pra minha coleção de mangás (e cosplays. e bonecos. e livros. e merch. e arte. e material autografado...) sem sentir uma dor imensa e absurda.

É uma dor de perda mesmo. Diria que é basicamente luto, porque é como se alguém que a gente gostasse muito tivesse morrido (e é mais ou menos isso daí mesmo), como se uma parte boa da gente não fosse mais voltar. E depois fica aquela culpa de ter financiado atrocidades, mesmo que indiretamente e mesmo sabendo que essa ideia é idiota, e pensando "mano, por que eu não percebi antes?". A cada novo post que vejo sobre o assunto, eu só percebo o quanto entendo o que o pessoal tá sentindo.

Obviamente, os abutres de sentimento alheio também surgem muito rápido. Quantas vezes eu não tive que ler que "RuroKen nem é tão bom assim, quem é que gosta disso em 2017?" e coisas similares quando o caso estourou? 8 anos se passaram e cá estamos nós, com as mesmas frases e o mesmo despeito que parecem ser direcionados a outro homem, mas que no fim só afeta gente que não tem nada a ver com o assunto e já tá triste com a situação. E esses mesmos urubus enchendo o saco dos fãs como se eles fossem os responsáveis pelo ato do autor. E esses mesmos urubus se sentindo superiores porque "não gostam de algo feito por uma pessoa problemática".

Tudo de novo, veyr.

Posso dizer que já estou meio calejada desse tipo de catimba porque, bem, eu já gostei muito de Harry Potter, sou fã de Borderlands, amo a Nintendo e 77,32% da minha vida é League of Legends, então eu to acostumada a ter que lidar com os comentários de "você é um ser humano horrível porque joga um jogo de fadinha!!!", mas pra muita gente foi a primeira vez vendo alguém que consideravam ilibado sendo exposto desse jeito. É foda, a gente se sente mal, ansioso, confuso; é bem merda.

Se eu posso dar uma dica (não posso mas vou dar mesmo assim), é: se afastem das redes sociais nesses momentos. Os urubus da felicidade alheia vão fazer de tudo pra ter a dose de serotonina deles com takes horríveis que nem eles acreditam em troca de likes e, por consequência, da sua saúde mental. Lembro quando deu a treta dos assédios na Riot Games que eu comecei a ter sintomas psicossomáticos de ansiedade com os comentários da galera. De não conseguir tomar banho sem começar a passar mal, hiperventilar, e ter que sair do banheiro pra não desmaiar, mesmo.

Outra dica que eu dou é não se desfazer de tudo agora. Juro. Mesmo não lendo mais, mesmo não usando meus cosplays, eles ainda são especiais pra mim e eu teria me arrependido muito de jogar tudo fora se fosse olhar agora. Não compraria de novo, óbvio, mas eu ficaria triste porque seria me desfazer de uma parte importante da minha adolescência por algo que eu não fiz e não tinha a menor capacidade de saber que estava acontecendo.

(Mas se depois de uns meses você ainda quiser jogar as coisas fora, aí eu te dou total apoio.)

E a dica mais importante é: você é só um fã, uma pessoa que se apaixonou pelas histórias que alguém tinha pra contar. Pessoas são boas e ruins, e infelizmente pessoas ruins podem contar histórias boas -- afinal de contas, inventar personagens decentes não torna uma pessoa decente também da mesma maneira que inventar personagens horríveis não torna uma pessoa um monstro. Tentem não levar isso pro coração independente da escolha que façam, porque não foi você a pessoa que cometeu o erro -- ainda que tenham alguns fubango fedorento que tentem fazer com que você leve a culpa pelo crime que não é seu por puro entretenimento e falta de noção. 

Tu só pagou uma mínima fração do salário de um ser humano horrível durante algum tempo, acontece (olha só em SP a gente pagando o salário do Ricardo Naves e do Tarcínico?)

Ai, to mais leve mesmo depois de escrever isso!! 

E é isso. Se cuidem, se preservem, tomem água e não esqueçam os remédios, ok? Titia ama vcs <3



3 comentários:

  1. Eu sou o tipo de pessoa insensível e realista o suficiente para separar inteiramente autor da obra. Então, nada de exposeds e revelações dos criadores me afetam. Até porque por mais que eu goste de obras e personagens, não projeto neles aquele sentimento de "me identifico total, sou aquele personagem".

    E

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    Respostas
    1. Tsu Keehl21.1.25

      Eu também não tenho paciência e muito menos empatia e consideração pra esse povinho esdrúxulo pseudo militante de rede social que fica enchendo o saco de quem gosta de determinada obra independente do autor. Porque essa galerinha que fica condenando o fã nada mais é do que uma pessoa que na verdade tá consumindo aquilo que condena ás escondidas, no off. Continuo tendo o livro, o mangá e principalmente os cosplay. Vou continuar usando e fazendo o cosplay.
      Se a pessoa não quer mais consumir, blza. A escolha é dela E SOMENTE DELA. Se a pessoa quiser radicalizar e julgar a índole de quem continua gostando da OBRA, aí é o tipo de pessoa que eu tiro da minha vida sem problemas, até porque se ela não sabe separar as coisas e só quer lacrar, é alguém que não vale a pena ter por perto.

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    2. [REDACTED]24.1.25

      Infelizmente eu não consigo ser tão desprendida hahahaahah. Sempre me envolvo mto com as obras que eu gosto, me vejo nos personagens, é um processo intenso. Mas acho o fim da picada quando começam a agir como se os culpados pelas merdas do autor fossem os fãs

      Ceis usa droga por acaso é???

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Agente Sundown, em posição!

Artemyss, bibliotecária e cosplayer. Divide o tempo entre reclamar da vida e jogar Borderlands. Fotógrafa, trilíngue, shippeira e fangirl. Blog de opiniões pessoais e cotidiano com assuntos aleatórios. Atualmente está refém das amarras do capitalismo e não consegue mais fazer lives, mas está o dia todo procrastinando no BlueSky 🦋 (+)

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