Bom dia, meus fanfiqueiros prolíficos! Na semana passada, eu cometi uma fanfic com meu novo super duper teclado bluetooth. Como estou com preguiça de traduzir, vou postar por ora só aqui no blog.
Espero que vocês gostem!
PaiSérie: League of Legends | True DamageClassificação: 10+ Personagens principais: Ekko, Qiyana, Jinx, Isha Tags/TW: falta de noção, talvez? kkkk Resumo: Qiyana estava mexendo no celular, quando uma imagem chamou sua atenção. |
Qiyana olhou para a tela de seu aparelho celular, tentando entender o que se passava na foto que o eletrônico apresentava à sua frente.
Na imagem, seu colega do projeto True Damage segurava uma criança de pele levemente bronzeada, grandes olhos castanhos e cabelos claros, porém encaracolados, pintados com algumas mechas azuis. Ambos sorriam para a câmera e, apesar de alguns traços de seus rostos serem semelhantes, a criança não lembrava exatamente um dos rappers mais bem-sucedidos de sua geração.
A foto, presente em uma postagem de carrossel tão interessante à Qiyana quanto assistir tinta secar na parede, fazia companhia a mais algumas imagens, uma com seu colega abraçado a uma mulher de pele pálida, grandes olhos azuis e cabelos tingidos de ciano; uma foto em grupo onde a mesma mulher aparecia junto da criança, com as duas abraçadas, e com a adição de mais duas mulheres – uma ruiva, um pouco mais baixa, com uma tatuagem no rosto e piercing no nariz; e uma mulher alta, de longos cabelos negros e claros traços leste-asiáticos.
Mais fotos em grupo, uma foto de seu colega abraçado à misteriosa mulher de cabelos tingidos de ciano, numa foto onde os fios castanhos começavam a crescer com sua aparência natural onde ambos sorriam para a câmera e uma última foto, com seu colega, a criança de cabelos encaracolados e a mulher dos olhos e cabelos em tons semelhantes de azul.
Qiyana deu um like de má vontade pelo tempo dispendido em passar o conjunto de fotos e achou que tamanho entretenimento merecia seu reconhecimento. Sem tirar os olhos da tela do seu celular, enquanto tentava decidir qual de suas fotos iriam para o story de "Get Ready With Me" (ela era tão perfeita que sempre era tão difícil!), a cantora comentou, com seu sotaque musicado que misturava uma das belas flores de Lácio com a praticidade racional dos idiomas saxões:
– Muito fofa a menininha que você postou no seu Insta hoje, Ekko! – o colega citado, que também mexia no celular, virou o rosto para Qiyana e lhe deu um sorriso; Qiyana essa que sequer deixou que Ekko agradecesse o elogio antes de completar seu comentário:
– É a sua sobrinha?
Um silêncio sepulcral se instalou no recinto, ainda que a sala estivesse cheia; estavam no intervalo de um dos ensaios para um show de festival, afinal, e, embora estivessem cada um em seus afazeres (Senna lia alguma coisa em seu kindle, enquanto aguardava uma resposta de seu marido sobre alguma coisa; Yasuo parecia estar em uma discussão muito acalorada com seu irmão sobre os charts da Heartsteel estarem performando melhor que os deles; Akali batia um papo divertido com uma de suas colegas de K/DA em um coreano muito rápido), todos os presentes na sala, incluindo os cuja presença se fazia virtualmente, se calaram e olharam como puderam para Qiyana, que continuava mexendo em seu telefone, ainda em dúvida sobre qual a melhor foto para seu #GRWM (afinal, todas as fotos eram a melhor para se postar, obviamente).
Senna, com seu semblante sereno e sua voz séria, foi a primeira a quebrar o silêncio se limitando a dizer:
– Isso é sério?
Qiyana ainda demorou uns trinta segundos para perceber que Senna se referia à ela com sua pergunta mas, após notar, simplesmente jogou sua cabeça para o lado em sinal de confusão:
– O quê? – perguntou com seu costumeiro tom de voz insolente, demonstrando claramente seu desagrado em ter seu momento de auto-admiração interrompido. Senna suspirou, claramente exasperada.
– Amiga – iniciou Akali, tentando soar delicada e a ponto de falhar em sua tentativa –, como assim você não sabe quem é a Isha?
Completamente alheia à noção de civilidade, Qiyana apenas rebateu com um desinteressado "E quem é essa tal de Isha, Kali?"
Ekko, incapaz de decidir se estava profundamente irritado ou arrebatadoramente surpreso, simplesmente respondeu no lugar de sua amiga e companheira de rimas:
– Qiyana, a Isha é a minha filha. – Respondeu o multiartista, seu tom ainda incrédulo. Qiyana, por sua vez, virou seu rosto de forma tão abrupta para encarar Ekko que Yasuo começou a se preocupar com um iminente torcicolo.
– E desde quando você tem uma filha, Ekko? – questionou Qiyana, quase indignada. Ekko não sabia muito bem como responder, então simplesmente respondeu com um embasbacado:
– Desde sempre, eu acho…
– As suas amigas sabem? Que você é pai solteiro?
Nesse momento, o silêncio, que já era constrangedor, se aprofundou ao ponto de ser possível escutar a respiração entrecortada de Evelynn vindo da videochamada que Akali interrompeu para verificar se não estava delirando o fato de que Qiyana simplesmente não sabia que Ekko, com quem trabalhava em uma banda, dividindo aviões e ônibus em turnês, com quem escrevia e rimava junto há pelo menos cinco anos, tinha uma filha.
E que, principalmente, Ekko não era um exemplo de parentalidade solo.
– Qiyana – Ekko respondeu, seu tom ainda em um estado de estupor tamanho que sua voz perigava não sair –, eu sou casado. Faz tipo uns… oito anos? A gente casou quando a Isha tinha uns seis meses, então é mais ou menos isso, mesmo…
Qiyana, então, começou a rolar a tela de seu celular furiosamente, stalkeando as publicações de seu colega de trabalho com um afinco e interesse que a mulher não demonstrava em ninguém além dela mesma. No feed, fotos da garotinha eram intercaladas com fotos de apresentações, fotos de editoriais de moda, divulgações de entrevistas e trabalhos, e, de forma bastante presente, fotos da misteriosa mulher de cabelos azuis.
– E quem é essa menina de cabelo pintado? É sua prima?
Senna se adiantou e respondeu antes de Ekko, claramente impaciente e cogitando que Qiyana só estivesse sendo obstinadamente desagradável – não seria a primeira e certamente não seria a última vez que Qiyana faria isso.
– Puta merda, Qiyana, essa daqui é a Powder, mulher do Ekko. Meu Deus, mulher, deixa de ser perdida e presta atenção em alguma coisa que não seja suas argolas da Louis Vuitton pelo menos uma vez na vida, porra! "Ai, é sua prima?" – Senna imitou, tentando incorporar a pronúncia anasalada da voz de Qiyana e falhando miseravelmente – Pelo amor! A mulher sempre tá nos shows e você quer que eu acredite que você simplesmente não lembra dela?
Ekko simplesmente se manteve calado. Embora não se surpreendesse de que Qiyana talvez não tinha a mais pálida memória de quem era sua família, Qiyana certamente se lembraria do Incidente da Smurfette, a apoteótica conclusão de uma pequena vingança feita com pólvora de biribinhas, glitter azul e uma quantidade além da recomendada de tintas Holi do azul mais persistente que Powder havia achado na loja de fantasias.
Qiyana, com ódio de ter sido exposta como burra – e, por consequência, inferior –, buscou o nome da dita cuja em tudo quanto era lugar. Descobriu que Powder Warwick era doutora em física e professora universitária em uma instituição de prestígio na terra natal de Ekko, tendo sido uma das primeiras alunas do Programa de Pós-Graduação em Física Nuclear a ser aprovada para o cargo de Professor Assistente antes mesmo de finalizar o Doutorado Direto. Descobriu também que a mulher havia atendido pela alcunha de Jinx durante boa parte de sua vida, quando era ligada a coletivos de resistência e movimentos sociais, e também percebeu que a capivara da mulher era das grandes: Powder, enquanto ainda era Jinx, havia sido acusada de incêndio criminoso, incitação à violência, desacato à autoridade, dentre uma lista extensa de crimes que também incluíam posse ilegal e não prescrita de fentanil.
Aparentemente, segundo entrevistas do próprio Ekko corroboradas por fotos dos perfis de seu colega nas redes sociais, Ekko e Powder se conheciam desde crianças, mas se distanciaram durante a adolescência, voltando a se aproximar depois de terminarem o colégio.
Observando fotos mais antigas, Qiyana inclusive reconheceu uma versão muito mais jovem de Ekko, segurando um microfone em um palco, acompanhado da dupla de mulheres que às vezes apareciam nas fotos e de Powder, que, com uma expressão completamente certa de si, segurava um contrabaixo elétrico pintado em tons de rosa-choque e azul-neon.
Após terminar sua exaustiva investigação, Qiyana olhou para Ekko com um dos olhares mais surpresos que já havia feito em sua vida. Ela não sabia como reagir. Ekko era pai de família, casado com sua melhor amiga de infância, e Qiyana nunca sequer havia tentado prestar atenção.
Uma batida na porta de vidro se fez escutar, e Qiyana olhou em direção ao barulho. Do outro lado da redoma que os separava do exterior, uma mulher de estatura mediana, pouca coisa mais alta que ela própria, com os longos cabelos pintados de azul dividido em duas tranças e olhos azuis profundos como os mares da costa de seu país, segurava a mão de uma menininha de pele bronzeada, cabelos castanhos encaracolados com algumas mechas azuis, e ambas acenavam para dentro da sala onde ela, Qiyana, se encontrava.
Ekko se levantou com o maior sorriso que Qiyana já havia visto ele dar, e se encaminhou em direção às visitantes. Abriu a porta, saiu da sala e se abaixou um pouco para abraçar a criança, pegando-a no colo logo em seguida. Com a menina em um dos braços, Ekko utilizou o braço livre para rodear a cintura da criatura etérea de cabelos tingidos com cores fantasia, criatura essa que passou um de seus braços pelo pescoço de Ekko e puxou o rosto do cantor em direção ao seu, dando-lhe um profundo beijo de língua.
A criança reprovou a atitude, e Qiyana se pegou concluindo que gostava muito daquele projeto de ser humaninho de 120 centímetros de altura.
Ekko voltou à sala e falou mais algumas coisas, mas Qiyana não ouviu. A cantora não tinha nada em sua mente além de estática e surpresa e soando ao fundo, mas bem ao fundo mesmo, uma canção que ela já havia escutado sua abuelita ouvir em algum programa de auditório brasileiro que a TV a cabo pirateada insistia em exibir, uma melodia que começava com uma voz masculina, ainda que aguda, dizendo a palavra:
– Pai…
E um acorde dramático de três notas num piano.


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